Subimos a rampa em direção à entrada, cantando músicas de Natal, acompanhadas por um Ipod. A ajudante de Papai Noel, usava um gorro verde com pompom branco.
Os dois elfos de avental e gorrinhos verdes, e máscaras cobrindo as lindas carinhas. Um pouquinho antes de chegar à porta, um dos meninos da festa , chegou perto de mim, olhou no fundo dos meus olhos e perguntou: “ Você é uma fada?” Meu coração esquentou, e eu, naquele exato momento, transformei-me numa fada de verdade!
Os presentes já estavam num saco, ao lado da bisavó ,sentada, pronta para distribuí-los para as crianças. A trinca natalina se acomodou a seu lado, para ajudar, e a meninada já foi chegando perto.
A fada, sendo uma fada verdadeira, tinha um telefone bem antigo, daqueles com disco, verde abacate, horrível. Formando um conjunto, havia um contador de tempo, de cozinha, que tocava quando era girado. Papai Noel telefonou várias vezes! Com o toque do contador de tempo, a fada atendia o telefone, conversava com Papai Noel, e a criançada vinha correndo para também falar com ele, mas, infelizmente , a linha caía! Eles gritavam, decepcionados!
As mães gargalhavam , lá atrás.
Ganharam os presentes e montes de bugigangas: lápis de cor, borrachas coloridas, pequenas calculadoras, elásticos de cabelo.
Acabada esta sessão natalina, chegou a hora dos presentes dos pais. Formaram-se pequenos grupos, com os pais dando os presentes para os filhos e netos, que rasgavam o papel colorido e jogavam no chão. Cada família formava, agora, uma associação.
Percebi, naquele momento, que aquele Natal lembrado e esperado, tão doce e animado, havia acabado!
Minha família, com meus irmãos , meus pais e meus avós, não passavam , agora , de um momento que havia terminado . “A gente” já não existia mais, tendo se diluído em vários outros grupos, com pais e avós, e muitos netos.
As famílias crescem e se multiplicam. Passam a ser células independentes, com seus interesses próprios, longe de suas características primeiras.
“É a vida”, todo mundo fala. “Deixa, é assim mesmo”, como se eu pudesse fazer alguma coisa!
Eu sei disso, mas se eu pudesse fazer alguma coisa, mesmo, eu voltaria um pouco para trás e seria eu a encontrar uma fada verdadeira , a ganhar lembranças interessantes e a estar junto de meus pais e irmãos, nesse almoço de Natal, com Papai Noel me telefonando, e todos nós comendo panetone e nozes fingidas!
NOZES FINGIDAS
Enrolar como brigadeiro grande e embrulhar em papel alumínio.