Acordei cedo, me apoiei no colchão e levantei. Não achei o chinelo e fui ao banheiro descalça, mesmo. O espelho parecia embaçado, mas, de qualquer forma, lavei o rosto com água fria,e passei aquele monte de cremes que a minha dermato mandou. Me vesti com uma roupa confortável e larguinha. Engordei um pouco, apesar de não comer muito ,só um pouco de carboidratos! Desci para tomar meu café da manhã , na minha lembrança teria um pãozinho de padaria, manteiga Aviação e aquela geleia francesa, de frutas vermelhas, caríssima! Só que na mesa tinha pão integral, um tipo de tofu vegano e um suco verde, com folhas e caules flutuando e um gosto…horrível ! Nisso entra a Cida, que trabalha comigo há anos, trazendo um bule de café bem quente. Nossa, só agora reparei como ela está velha!
Saí, fui encontrar uma amiga para nossa caminhada diária. Sabe aquela pessoa inteligente, culta e simpática? É ela, a Ruth ! Fomos conversando, mas a conversa era entrecortada de silêncios, que ocupavam espaços de palavras ou ideias que a gente esquecia. Que irritante!
Na volta tropecei na calçada esburacada , caí e foi aquela vergonha!|A moçada que estava ali, me ajudou e perguntava:” a senhora está bem?” Aqueles moços me chamando de senhora? Não consigo me acostumar com isso!
Cheguei em casa, bem no meu horário de leitura. Acendi a luz, me acomodei no sofá e desliguei o celular. Estava acabando de ler” Metamorfose”.É sobre uma situação de transformação profunda e pessoal, intima e externa, familiar.
Desconfio e percebo que eu esteja me transformando, do frescor da mocidade para o desgastado fora de moda!
A Cida me esperava com um bolo , com velinhas acesas. Que é isso? Será eu esqueci meu próprio aniversário? Assim não dá! Não,não era meu aniversário, era o da Cida! Pouquíssimas velas. E não é que ela é muito mais moça do que eu?