Percebi o que era ser avó, ou pelo menos senti que era, em momentos muito específicos.
Estávamos na fazenda da Bel, minha filha, vendo TV, a Luli sentada na barriga do Antonio Carlos e eu sentada no outro sofá. Não me lembro o que aconteceu para o Antonio Carlos ficar bravíssimo com a Lu. Tadinha, ela era pequena, devia ter uns nove meses e nessa hora ela olhou para mim. O Antonio Carlos percebeu esse olhar e disse:” Não adianta olhar para a sua avó!” Que momento profundo! A Lu pedindo socorro, procurando minha proteção e o Antonio Carlos percebendo exatamente que, naquele momento , eu era uma avó ultra receptiva! Foi demais!
Da Carol virei avó no momento exato do seu nascimento. Tudo começou numa manhã de maio, em que a Bel me ligou e disse que já estava na hora. As malas já estavam no carro e eu fui buscá-la. No caminho parei na casa de um tio meu, médico, para pegar a receita de um remédio tarja preta. A Bel saiu do carro, tocou a campainha , pegou a receita e voltou depressinha. Meu Deus! O bebê estava nascendo! Depois contei esse absurdo para minha mãe, que divertidamente falou: “ Mas seu tio é médico, ele faria o parto!” Na calçada? Chegamos correndo à maternidade, entramos pelo PS. Rapidamente a enfermeira levou a Bel para a sala de parto. Eu fui junto, absolutamente contra minha vontade, odeio essa conversa de Medicina in loco, mas entrei na sala, vestida de médico! Essa parte adorei ! Lá dentro tinha um monte de amigas paparicando a Isabel e eu, então, fui literalmente assistir ao nascimento em si . É interessante, meio prosaico, meio antigo. Aí o bebê foi nascendo, nascendo e nasceu ! Vi a cabeça virando devagarzinho e vi, então os olhos abertos , azuis, brilhantes, virados para mim! É lógico que ela não enxergava nada, mas naquele momento percebi um olhar. E é este olhar, uma beleza, que acompanha o azul dos olhos da Carol até hoje! Me vi uma avó, a primeira pessoa que viu essa menina. Fora o Dr. Edilson, mas obstetra não conta!
Há uns meses , a Bel me ligou, pedindo para eu ir à casa dela, o mais rápido possível Era urgente. Fiquei preocupada pensando no pior: ou briga com o marido ou fogo na casa ! Fui depressa prá lá, e ela abriu a porta com a cara péssima! Mas foi logo esclarecendo: “ Estou grávida!” Foi um choque , pois ela tem 41 anos, e filhas de 10 e 14 anos ! ” Filha, meu Deus!” Bom, Bel, agora é criar!
Passadas algumas semanas, souberam que o bebê era um menino. Que alegria! Bermudão e tênis, não mais tiaras e saiotes! Aí meu genro, meu querido e sempre generoso Carlão, me disse:” Ele vai se chamar José Carlos, em homenagem a seu pai . E como não poderia deixar de ser, será um são-paulino roxo!”
Meu menino, meu já querido neto, veja como é bacana ser xará do Zé Carlos, do Veio, do Becão. Olha ele aqui embaixo, orgulhoso e feliz, cercado pelos netos, em seu aniversário de 70 anos! Faz tempo…