Conversar é a coisa mais gostosa do mundo! Estar com amigos, com primos queridos, com colegas de escola que a gente não vê há séculos! Ir a uma festa com comida boa, bebida bem escolhida, música bacana e agradável .Pessoas com quem a gente se dá bem é realmente, muito bom! É através dessas conversas que as pessoas se entendem, contam suas histórias, trocam ideias , falam de seus sentimentos, se divertem, enfim, podem ser o que são e mostrar isso aos outros.
Todo mundo adora conversar sobre mil coisas. Se não pessoalmente , através do Facebook e do WhatsAPP. Estar com amigos é delicioso. Conversar é falar e ouvir . Não saber ouvir é um defeito gravíssimo. Se você está conversando com uma pessoa que , disfarçadamente olha para o celular, deixando claro que a conversa não está interessando a mínima, você perde completamente o pique. Fica sem graça , tem vontade de cair fora, mas aguenta firme. Sem conversas agradáveis, com assuntos interessantes, a vida fica sem graça e bem chatinha .
Há muitos e muitos anos, na década de ’50, houve um homem, um cavalheiro, que deu muita importância de como saber conviver com as pessoas para que todo mundo se sentisse bem e feliz. Era Marcelino de Carvalho, jornalista, escritor e professor. Um verdadeiro gentleman. Ele nos ensinou como deveríamos nos portar com educação e gentileza, deixando a vida e os relacionamentos mais fáceis e interessantes. Seu livro mais conhecido é “Guia das Boas Maneiras” (1962) e só este nome já mostra a importância de certas regras, muitas, hoje em dia, engraçadíssimas, porém muito atuais, para o convívio entre os seres humanos em geral.
Beijar a mão de uma mulher na praia era ridículo, mesmo quando beijar a mão de senhoras era comum e fino. Certas coisas que a gente faz , dependendo do lugar e hora, podem ser totalmente inadequadas, como aqueles foras que às vezes a gente dá ou vê! Contar piadas pesadas constrangendo os ouvintes, histórias horripilantes pra todo mundo ouvir, fofocas de ex –tudo! Executivos adoram falar sobre trabalho, colados ao seu iPhone, mas esquecem que descansar ajuda a organizar o dia seguinte. Negócios e assuntos muito sérios dão ressaca e dor de cabeça! Reuniões são para a gente se divertir, e, sem dúvida, as melhores conversas à mesa são a gastronomia e vinhos. Parece óbvio, né?
Em seu livro , mestre Marcelino cita onze “pecados mortais” que são comuns, mas não deveriam ser, de jeito nenhum, comuns nas nossas conversas. Quem escreveu esta lista foi Jonathan Swift, autor de “As Viagens de Gulliver”, que nasceu em 1667 e morreu em 1745, portanto essa listinha é do século XXVIII. Incrível, não como as regras continuam as mesmas, mas como nós continuamos a quebrá-las . Vamos lá:
1 – Falta de atenção de quem ouve;
2- Interromper e falar ao mesmo tempo;
3- Querer mostrar que se é culto e espirituoso;
4- Ser egoísta;
5- Fazer de tudo para dominar a conversa e o assunto;
6- Ser pretensioso;
7- Cortar a linha de raciocínio ;
8- Ser engraçadinho o tempo todo;
9- Criar muito caso;
10- Ser impaciente ao argumentar;
11- Falar de assuntos pessoais, quando o assunto é geral.
Do século XVIII, passando pela São Paulo dos anos ’50, e mergulhando no século XXI, uma coisa aconteceu nesses anos todos : as pessoas continuaram sendo, basicamente, as mesmas. O avanço de tecnologia e de cultura, deveria ter mudado as pessoas de forma contundente! Mas não! Muito de nós continuamos sendo confusos e vivendo como adolescentes que não sabem escolher o que nos faz bem!
Amigos jantando juntos aparecem em gravuras antiquíssimas. Hoje em dia, os amigos jantam juntos, com uma companhia a mais: celulares ligados, ao lado do prato. A conversa é cortada a cada filho que liga. Ah, tem dó!
Marcelino de Carvalho, expert em boas maneiras! Volta prá cá e nos ensine a conversar agradavelmente com amigos, deixando, numa gaveta trancada , todos os aparelhos eletrônicos, de celulares a notebooks, que parecem ter vida própria, e que adoram a nossa companhia!
Carvalho, Marcelino de “Guia de Boas Maneiras”
Companhia Editora Nacional – São Paulo Segunda edição 1962 p. 139