

O trânsito estava parado. O sinal abria e fechava, não andava e eu dentro do carro . Nada andava, nem o carro nem eu e, então, nada mais a fazer a não ser observar os carros à volta, o que estava acontecendo do lado de fora.
À esquerda um homem falando no celular. Falava e falava, gesticulava, gritava, foi ficando vermelho, achei que ele ia ter um troço. À minha frente uma daquelas caminhonetes que tem grades bem altas dos lados, cheia de papelão e um carinha encarapitado lá em cima ajeitando aquele monte de material reciclável.
O sinal abre, mas nada acontece. Tudo parado. Tudo continuava parado.


Continuo olhando, meio a meio irritada e tranquila. No canteiro central, rapazes andando de patinete elétrica, bem rapidinho. O sinal fecha. Olho para a direita, uma moça lixando as unhas. Abre o sinal e andamos um metro. Fecha o sinal. A moça tira de um nécessaire uma pequena espátula e empurra a cutícula. O quê? O que ela pretende? O sinal abre e fecha. Vejo a moça com um alicatinho de unha. O sinal abre e andamos uns dois metros. O sinal fecha e a moça agora está com um vidro de esmalte na mão. Não acredito, mas ela está passando um esmalte vermelho nas unhas! Serviço de manicure no meio do trânsito, minha nossa! O sinal abre e finalmente andamos, os carros vão se distanciando, a moça vai indo embora…
Tomara que ela não resolva fazer o pé!
