Uso duas mãos para tudo! Carregar e arrumar coisas pra lá e pra cá, até pendurar quadros. Só uso  uma única mão  no banho, quando seguro a barra bem firme.

Outro dia, caí na calçada esburacada. No segundo exato da queda espalmei as mãos no chão instintivamente protegendo o rosto e a única coisa que eu enxerguei foram minhas unhas vermelhas. Voltei a mim, segundos depois, quando um bando de moços, esses sim gentilíssimos, me ajudaram a levantar, dizendo “A senhorinha caiu!”. Senhorinha? Ai, meu Deus! Não deixa de ser verdade, mas nem tanto. Esfreguei as mãos e aí lembrei de certos textos que falavam sobre mãos.  Não só as minhas, com unhas vermelhas, são dignas de comentários…

Mr. Google, help me!

Achei duas preciosidades:

O “Monólogo das mãos“ escrito por Giuseppe Ghiaroni, jornalista, trabalhou em diversos jornais.

“Para que servem as mãos? 
 As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar…, construir, trabalhar, escrever…”, Youtube

E o monólogo,” As mãos de Eurídice” , escrito para teatro por Pedro Bloch. Ucraniano mas brasileiro de Copacabana, médico, jornalista, escritor de muitos livros. Aí vai um pedacinho dessa obra maravilhosa, só para dar vontade de procurar o Rodolfo Mayer interpretando, também no Youtube.

“E as mãos de Eurídice vinham coleantes, suaves, ternas, acariciantes, mãos plácidas, serenas. Eu as cobri de anéis e pulseiras…” “Naquelas mãos cabiam os mais belos sonhos, os mais elevados ideais.” “As mãos de Eurídice pedindo fichas, mais fichas, mais fichas…”

Impressionante é que ainda hoje em dia, muitas Eurídices conduzem Orfeus para as profundezas do Hades…

E agora, lembrando Marcelino de Carvalho, um homem muito “chic” do século passado, expert em boas maneiras dessa época. Muito peculiar e divertidamente anacrônico!

“Se o encontro se der entre homem e mulher, estando ambos parados, o homem recebe a mão que lhe é estendida e conserva o chapéu na mão” Tinha também o beija-mão, praticado em certas ocasiões específicas, como “jamais beijar a mão enluvada.” As mulheres usavam luvas e os homens, chapéu!

É, e hoje em dia um “Oi, cara!” está mais que bom!

Para terminar uma dica, que deve ter sido dada para mim: “Não gesticule jamais, numa conversa”!

Geração COVID