Quando acontece uma tragédia, as pessoas , em estado de choque e de estupefação, começam a perguntar : como que isso foi acontecer? Quem é o culpado? Meu Deus, eram tão jovens …

Depois disso, num outro momento, uma dúvida pisca em nossa cabeça. Não sabemos o que aconteceu no exato momento da morte, no qual a vida mortal se transforma em vida imortal. Será a morte tão horrível?

A morte não é horrível, o que vem depois dela é que destrói as pessoas de tanta tristeza. Ela é linda e é nossa amiga, mas nós não a reconhecemos porque quando a vemos, ela está usando uma máscara e essa máscara nos apavora.

Depois dela , o que aguarda os homens não é nem o que eles esperam, nem no que eles acreditam. É tão desconhecida que nem conseguimos imaginá-la.

Quando acontece uma tragédia enorme , e a tristeza , que se alastra pelos corações, se pergunta e nos pergunta: estavam aqueles jovens preparados para receber a morte? Estavam satisfeitos na alma e no coração? No espírito e na carne? Totalmente satisfeitos? Sabiam que a sua morte , ela sim, é imortal ? Eles a reconheceram?

E agora, para onde foram? Estarão bem?

Nesse momento, não fazem mais parte desse mundo mortal, mas continuam vivendo em suas casas, com sua gente , na lembrança e imaginação das pessoas que aqui estão, e que agora têm que descobrir um mundo novo, sem seus queridos imortais.

Não é fácil, pois o coração fica sombreado pela dor. Tudo o que se vê é a morte. O país, onde se vive, é um suplício, a casa onde se mora é um tormento insuportável E toda lembrança deles se transforma num martírio crudelíssimo. Pode-se procurá-los por toda parte , mas eles não aparecem e não estão em lugar nenhum. E ninguém mais pode dizer como antes , quando chegavam : “Aí vem eles !”

A alma pergunta : “ Por que tanta tristeza?”

O choro aconchega e ocupa o lugar deles no nosso coração.

Referências:

Santo Agostinho. As Confissões .

Chateaubriand; Heráclito; Montherland; Lucrécio. Dicionário Filosófico de Citações