Tio Salvio, pai de uma amiga que não sai do meu coração, me consolou, depois de um comentário triste de uma adolescente alegre:
– Tio, eu falo demais!
– Filha, você fala muito, mas não fala demais!
Foi o céu! Sempre tinha sido criticada por falar alto e muito e agora tinha sido habilitada para ser eu mesma. Aí, fui aprendendo a falar o que quero, mas não falar tudo o que quero! Difícil à beça!
Outro dia, encontrei um casal de amigos, andando no clube. Caminhamos juntos por quase uma hora, conversando. Contei deste encontro para minha irmã e ela perguntou:
– Como eles estão?
Aí, meu santo, sabe o que eu tive que responder?
– Não sei, falei sem parar, não deu tempo de eles contarem nada,só ouviram…
Deu uma vergonha, um remorso, sei lá. Dessa vez, eu falei pra lá de demais e perdi muitos assuntos agradáveis, que teriam enriquecido meu repertório pessoal!
Fala-se muito, mas também fala-se demais, mesmo quando não se tem o que dizer.
Falar, contar, dizer, comentar, demonstrar, compreender.
Obrigada, Houaiss, por oferecer tantos sinônimos para a palavra “falar”. Dá a oportunidade pra gente entender o que exatamente queremos dizer, seja muito, seja demais, até através dessas mídias modernas e rápidas, algumas vezes impessoais.
O computador e sua tela separam o mundo, enorme, generoso e maldoso, de nós, curiosos, criativos, generosos e maldosos também, e tornam a comunicação muitas vezes dispensável e, muitas vezes, imprescindível.
É muito bom receber mensagens via rede, quando são, particularmente, para mim: assuntos que eu gosto, convite para um cineminha, vídeos do meu sobrinho-neto, um alemãozinho fofésimo, que mora lá pras bandas da Angela Merkel. Não é delicioso ver as netas, minhas lindas, abraçadas ao Pluto, no dia 31 de dezembro? Tudo personalizado.
Mas tem uma coisa que me aborrece profundamente: mensagem copiar/ colar de textos falsos do Neruda, orações que ameaçam a gente, textos que chegam cortados, sem pé nem cabeça! E repetidos, muitas e muitas vezes! E aqueles assuntos antigos, “já era”, que são enviados ao nosso whatsapp, com um leve toque de “# falei“? Não dá! Mesmo sendo curtos, são mais que demais!
Agora, um mea culpa, sincero e pungente:
No dia do encontro das colegas do Sion, conversando com um grupinho de velhas amigas, eu disse que estava adorando ter um blog, porque eu achava que estava até falando menos. Uma delas perguntou:
– Mas pra que falar menos?
E não é que eu nem sei quem falou esta delícia? Eu estava falando …demais!
Delícia Nata!
Falar é muito bom !
Ajuda a cantarolar uma alegria de coração !
Talvez seja essa a linguagem que ouvimos dos sábios passarinhos!
Obrigada por seu blog ! Traz felicidade!
Um beijão da
Aninha!