
D. Anny faz 98 anos dia 15. É minha vizinha parede-meia e eu a visito todos os dias, levando o “Estadão” que ela lê e nós comentamos o que os colunistas andam escrevendo. Das notícias ela sabe tudo pois assiste TV o dia inteiro sentada, só levantando para ir à cozinha fazer receitas deliciosas que ela vê no programa da Antonella Clerici na RAI. Sempre ganho porções de tortas,, sopas e molhos. De fome eu não morro! A sopa que eu mais gosto é a Jota, uma receita que ela aprendeu em sua terra natal Trieste, no norte da Itália



Aliás, ela é a única italiana legítima já eu que conheço, já que muitos “italianos” são netos e bisnetos dos “oriundi”. D.Anny fala em italiano com as filhas e netos e escreve muito bem, algumas vezes para o Patronato. Suas histórias são deliciosas, que eu ouço interessadíssima, de como ela veio da Europa depois da Guerra, mocinha, já casada . Desceu em Santos do navio “Conte Biancamano”, depois de uma viagem de 12 dias. Muitos passageiros desceram no Rio e muitos foram para a Argentina. Ela escolheu o Brasil e se estabeleceu em São Paulo. Foi morar numa vila, na Pompeia, ao lado de sua cunhada para aprender Português e como os brasileiros pensavam e agiam. Assim virou brasileira e, apesar de já ser “prata da casa” continua com seu porte europeu e seus lindos olhos azuis. Amou e ama o Brasil pelo qual tem as maiores esperanças para o futuro. “ O povo é bom, uns ajudam os outros, é o país do futuro se o absurdo político e a corrupção deixarem”. É isso aí, vizinha querida!
“Ciao, D. Anny, ci vediamo domani!”
