Fui andando pela Conselheiro Crispiniano, estava indo à Galeria do Rock, ver se era interessante mesmo. Tinha estado lá alguns dias antes com minha professora de Português, comprar comida vegana . Que demais! Realmente vale a pena dar uma bela observada!

Cheguei à Av. São João que nasceu em 1651, como uma trilha de terra batida que ligava uma propriedade no Anhangabaú com a chamada colina histórica. Com o tempo, o caminho foi se transformando em estrada, depois em Ladeira da Ponte do Açu, e assim permaneceu durante todo o século XVIII, quando  o nome mudou para  Ladeira de São João Batista, que é o protetor das águas , já que Açu quer dizer “água envenenada” em tupi, e assim  precisava, realmente, de proteção.Depois transformou-se em rua e em Avenida São João, nome que tem até hoje.

Cheguei ao Largo do Paissandu, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos,

Em 1721,onde é hoje a praça João Mendes, uma pequena igreja foi construída para escravos, que eram proibidos de frequentar igrejas dos brancos. Esta igreja foi demolida e construída três vezes, em lugares diferentes. Em uma das vezes até o cemitério foi destruído , e o terreno doado para o irmão de prefeito. Como houve uma pequena indenização, foi construída uma nova igreja em 1908 ,no Largo do Paissandu, que está do mesmo jeito até hoje.

Apesar de ter um grande número de devotos, por estes serem pretos e pobres, as construções da igreja foram sendo demolidas e os fiéis expulsos desses lugares. Isso mostra como os fiéis não tinham o menor poder político. Atrás da igreja , à esquerda, fica um predinho de três andares, onde fica o Ponto Chic, que foi  fundado em 1922, no largo do Paissandu, coincidindo com a Semana de Arte Moderna. Assim muitos artistas e intelectuais fizeram do bar seu reduto. Monteiro Lobato, Mario de Andrade, Anita Malfatti e outros eram frequentadores do Ponto Chic. O prédio centenário ainda tem a mesma fachada.

Em 1936, CasimiroPinto Neto,o Bauru, estudante da São Francisco, um belo dia , se encostou na chapa do Ponto Chic e foi falando, para o chapeiro  o que ele queria no sanduiche. Ficou tão bom que os amigos foram pedindo o mesmo sanduiche, que ficou tão famoso que o restaurante é conhecido até hoje.

Apesar de recomendar uma ida divertida ao Ponto Chic, aí vai a receita do “Bauru do Ponto Chic”, pão sem miolo,rosbife cortado em fatias, queijos prato, estepe, gouda e suíço, derretidos em banho -maria e tomate. O pepino foi acrescentado depois à receita.

Se você for ao Ponto Chic, pode pedir o mexidinho ou a dobradinha. Vem no capricho!

Atravessando a São João, chego à  Galeria Olido. No começo do século 20, São Paulo viveu o momento do auge do cinema,em 1907 nos espaços Politeama, no Vale do Anhangabaú e alguns meses depois, na primeira sala de cinema da cidade, o Bijou Theatre. O Olido foi inaugurado 50 anos depois,numa galeria feita de mármore, com lojas e sala de cinema com poltronas numeradas. Apesar de ter sido um ótimo cinema, não conseguiu vencer a popularização dos cinemas nos shoppings.

A Galeria Olido é agora um centro cultural, com espaços para música, teatro, dança, artes plásticas, fotografia e como era de se esperar, um belo  cinema. A reforma , em 2004, deixou o prédio muito bonito e bacana. Além disso, a galeria comporta uma Central de Informação Turística, que recebe turistas e paulistanos, com informações atualizadas sobre a oferta cultural, gastronômica e turística da cidade. Saio da Galeria, que dá na Av.São João.

Hoje em dia a Avenida São João tem as mais diversas tribos- a galeria do Rock – onde se reúne quem gosta dos mais variados tipos de música, pessoas dos mais diversos estilos e de idades bem diferentes.

Pronto! Chegamos À Galeria do Rock!  Vamos entrar?

www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/galeria_olido