Ouço sempre , a respeito de jovens antenados:
— Eles nascem sabendo!
Como é possível?
Eles são estimulados desde quando estão na barriga por bits e mais bits . Nós aprendíamos tudo, ou quase tudo o que nos ensinavam e o que vivíamos no nosso dia a dia. A observação era, na verdade, saber esperar. Eu ia á missa das 10 na Santa Terezinha aos domingos, e tínhamos que esperar pacientemente, o sermão acabar. Num desses dias, de cabeça baixa , num certo devaneio, observei algo estranho na minha sai xadrez. Estava com muito tecido sobrando. Meu vestido estava do avesso ! Eu só via as pregas dobradas, e todas as costuras duplicavam e triplicavam em cada listra que formava o xadrez. Olhei para a manga, o mesmo fenômeno. Não podiar rir , mas também não conseguia segurar a risada. Aí, a risada virou um chacolhar incontrolável! Neste fato corriqueiro, saber esperar , observar, analisar a situação, e chegar a um final resolvido foi um aprendizado! É claro que essa moçada aprende muito com a tecnologia, mas sem saber aprender , não adianta ter contato com esses assuntos que, por mais interessantes e ricos que sejam, tem que se conectar!
Tive muita dificuldade em me tornar afeita à tecnologia. Para mim era uma linguagem alienígena, impossível da mais básica compreensão, e falava para mim mesma que essas novidades não eram coisa para velho , ou que eu é que era o problema, impossibilitada de aprender qualquer coisa que se use teclas. Mas, com tempo e com novas necessidades fui relaxando e vi que eu tinha capacidade de aprender as novas conexões, que apareciam para mim de uma forma indiscutível.
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Hoje em dia demoro mais para guardar informações , as coisas que aprendo tem que ser repetidas algumas vezes , e, choque!, muitas vezes escrevo à mão porque ela compreende mais a velocidade do meu raciocínio do que um mouse colorido. Uso muito o computador e tecnologia para meu trabalho, para pesquisa e ,atualmente para escrever o meu blog.
Mas o que vejo é que muitas pessoas usam a tecnologia para fazer o já que sabem: escrever nas redes sociais..
Sou avisada sobres vírus , fotos atuais e antigas são mandadas junto com orações para tudo quanto é santo e para a pobre Nossa Senhora, campeã das solicitações. Fotos de viagem, de casamentos, da família. Vi uma foto de uma velhinha numa cama de hospital . Lembrei-me do Flávio de Carvalho, dos desenhos da mãe morta da “Sequência Trágica” . Mórbido !
Temos que ter cuidado do que vamos mostrar ao mundo do Face e não expor justamente quem e o que nos orgulha.
Através dessas redes, comecei a conhecer as pessoas de outro jeito.
Meio de comunicação não é o amigo, é o meio físico. Esse, aliás, estou usando com facilidade, ouso dizer baixinho. Faço parte de alguns grupos, como da família, de amigas da faculdade, de colegas do Ginásio. Ainda não estou adaptada a grupos. As informações se atropelam , se repetem , embolam. Se fosse no mundo real, seria como uma torre de Babel! Como é no celular, só compreendemos metade da conversa e tocamos pra frente!
Mas esse é o problema técnico.
O pior é o teor humano . Os assuntos não são pessoais , o que confirmaria uma amizade. Parece ser um convívio, mas os fatos são contados de um jeito pela metade, que ao fim e ao cabo, não fica muita coisa.
A gente sempre vê pessoas jantando num restaurante bacana com comida assinada e ao lado dos talheres ,e como se fosse uma colher , um celular ligado, um não, dois!
Eu que amo conversar, me desespero só de ver!
Mas não sou tão tacanha, gosto de usar a tecnologia para ficar melhor, ter vida melhor! Conversar, vendo uma amiga que mora longe, é muito bom !
Enganam-se as pessoas que escrevem Bom Dia !, que mandam palavras impessoais e vazias, se pensam que estão encontrando amigos. Na verdade não estão encontrando ninguém.
Vamos nos encontrar? Que tal um sorvete no Shopping, um telefonema pelo telefone fixo de casa ? E um almoço num restaurante bacana e comida assinada, com celular…desligado! ?